RELATO PESSOAL
MEUS TEMPOS DE
CRIANÇA
Recordo-me sempre
dos meus tempos de menino, quando meu bisavô colocava-me em seu colo para
contar as histórias do meu povo. Embora entendesse pouco da narrativa, ficava deslumbrado com a
intensidade de sua rouca voz amaciada pelo tempo. É que parecia que meu velho
avô se transfigurava ao dizer o indizível retratado nos contos que narrava com
tamanha convicção. Era como se visse o invisível... Contava as histórias que
deram origem ao nosso povo; os mitos primordiais que estruturaram a visão do
universo habitado pela “minha gente”.
Ficava
impressionado com o caráter atemporal da narrativa: sentávamos no terreiro em
frente às nossas casas e, muitas vezes, só levantávamos quando o sol se
apresentava para nos saudar. Quantas vezes dormitei nessa vigília mítica!
Quantas vezes vaguei em meio às estrelas, embalado ao som da música que se
ouvia na narração do velho avô. Quantas vezes fui arrebatado para os confins
longínquos do universo por imaginar-me o herói civilizador do meu povo! Nessa
época, tinha pouco mais de cinco anos!
Hoje, tantos anos
depois daquela experiência e já curtido pelo contato com outras culturas, posso
refletir sobre o que vi e vivi durante aqueles anos e dizer o que me fez e faz
calar quando recordo, com saudades, das narrativas que meu avô fazia.
Parece-me que hoje
posso dizer que as histórias que aquele velho contava eram seus próprios sonhos
ou, ao menos, eram como sonhos que não diziam nada acerca deste mundo externo
em que nos movemos, mas, por outro lado, dizem muito de um mundo que mexe em
nossas entranhas. Aprendi, depois, que as histórias são falsas, porém, muitas
vezes, deparei-me com pessoas que choravam por causa delas e, estranhamente,
que este choro as tornava verdadeiras! O mistério estava resolvido, porque
notei que as histórias delimitam os contornos de uma grande ausência que mora
em nós.
Notando a
transfiguração refletida no rosto poético do narrador, e hoje sabedor da frustrada
tentativa da ciência para delimitar o cosmos, me dei conta, também, de que os
mitos armam uma teia de palavras que estruturam no indizível, ou seja, num
esforço infinito de dizer o que não pode ser dito.
Tudo isso é poesia
pura! E é por meio dela que eu consigo compreender o que é ter uma identidade
que se formalize na tradição oral. Não dá para ser diferente. Se alguém quiser
compreender minha cultura, comece a ler nossas histórias, comece a sintonizar
com os nossos heróis, comece a vivenciar nossa poesia!
Daniel Munduruku. Histórias de índio. São Paulo: Companhia das
Letrinhas, 1996. p. 39-40.
isso e um fato do passado narrado por alguém não descrito seu nome mais ele lembrava que quando tinha ate seus cinco anos seu avo lhe contava varias historias com este teste me lembrei muito do meu avo que faleceu.
ResponderExcluirele também era assim sempre me contava uma historia uma melhor que a outra e hoje lembro de tudo .
e também foi isso que a historia disse.
Vitoria Helena
Vitória, muito bem!
ExcluirO relato pessoal fala sobre histórias que um bisavô contava a seu bisneto,também fala sobre o "estilo" das histórias e do "gênero" delas
ResponderExcluirRicardo
Ricardo, muito bem!
ExcluirEu entendi que ele é um homem que adorava as histórias do seu bisavô, e entendia um pouco mais e cultura dele, que ele realmente é. Eu entendi também que o bisavô dele queria passar um pouco do que viveu e do que sonha para o bisneto e isso fez com que o narrador dessa história se apaixonasse por sua cultura.
ResponderExcluir-Ana Luiza
Ana, ótimo comentário!
ExcluirO texto fala sobre um índio, que lembra de momentos passados de sua vida, que neste caso era sentar no colo do avô e ouvir histórias vividas por ele. O autor cresce e vê que tudo que seu avô falava era verdade, e então começa a sentir falta dos conselhos e das reflexões vindas de seu avô , mas graças aos conselhos de seu avô o índio consegue liderar bem o seu povo.
ResponderExcluirObs: indentifiquei que o autor se tratava de um índio através dos dados finais "histórias de índio", o nome do autor também me ajudou a identificar " Daniel Munduruku".
Júlia, ótimo comentário!
ExcluirO texto relata que o avô contava para o neto, a maneira que ele narrava as histórias pareciam verdadeiras,e o seu neto acreditava, e com o passar do tempo as historias eram falsas.
ResponderExcluirNOME: Renan rodrigues Lopes
Renan, bom comentário, mas será que o avô quis enganar seu neto? Reflita um pouco mais.
ExcluirGostei bastante do texto, pois conta un pedacinho da história de um menino que esta relembrando todas as narrativas que seu velho avô lhe contou quando era menor, ele fala também que depois de tanto tempo ele conheceu outras culturas também. ASS: Gabriela Fernandes de Moura.
ResponderExcluirGabi, muito bem!
Excluir----------------------Jefferson Alencar Alkmin----------------------
ResponderExcluirO texto fala sobre a importância de conhecermos nossas origens e a nossa história, seja, contada de forma mais exaltada(exagerada, não completamente verdadeira) ou não. Temos que conhecer a nós mesmos e saber transmitir isso como o bisavô de Daniel.
Jefferson, ótimo comentário!
ExcluirA história fala que podemos nos expressar pelos poemas, pelos sonhos e pela cultura.
ResponderExcluirCada um tem sua cultura e seu geito de agir diante histórias reais ou não reais.
Algumas pessoas acreditam em algumas coisas e outras pessoas podem não acreditar.
Talvez uma simples musica cantada por uma voz doce, pode encantar uma pessoa humilde...
Duda, muito bem!
ExcluirO texto conta a história de um neto e as histórias que seu avô o contava ,quando ele tinha por volta dos seus 5 anos de idade,o neto também se recorda das vezes que os dois sentavam no terreno em frente das suas casas e levantavam só quando o sol se punha,lembrava também da voz doce de seu avô,e hoje em dia que o neto cresceu ele pode se dizer que as histórias eram os sonhos de seu avô.
ResponderExcluirAna, muito bem!
ExcluirO texto conta a história de um homem que fala sobre as narrativas de seu avô. Que muitas vezes fazia pessoas chorarem e rirem daquelas histórias, que tornavam-se realidade para alguns, pois falava de coisas que não podem ser ditas, coisas sobre nós e nossos pensamentos. A narrativa faz o homem aprender sobre seu povo e amar aquelas histórias carregadas de lembranças de uma época, de um avô e de uma infância sossegada. E é um incentivo para as pessoas começarem a ler e despertar sua criatividade. Eu gostei do texto por que incentiva a curiosidade sobre a leitura , e nos faz querer saber mais. Como o próprio autor diz " é pura poesia, formalizada na tradição oral".
ResponderExcluirS2 Ana Beatriz Marins Pereira. S2
Ana B. Marins, excelente comentário! Parabéns!
ExcluirO texto diz sobre a história de um índio, seu bisavô contava as histórias de sua cultura, e era poesia pura! Eu gostei do texto porque demonstra uma coisa que pode acontecer com outros povos...
ResponderExcluirLeonardo Vinicius
Leo, muito bem!
ExcluirO texto diz sobre uma história de um homem que alega que o seu vô o lhe disse e em uma parte fala "é pura poesia"
ResponderExcluir--lucas Costa de Andrade silva--
Lucas, muito bem.
ExcluirAcho que você poderia reler o texto e retirar ainda mais percepções sobre ele.
o texto diz sobre sobre o tempo de quando era criança as historias de seu avo e quando ele cresceu e começou a refletir sobre o legado de seu avo abner faria de gusmao
ResponderExcluirO texto reflete que o autor gostava muito de ouvir histórias e que as achava emocionantes!! Mas quando descobriu que elas não eram reais não mudou muito. Viu que as histórias ainda mexem com nosso emocional mesmo sabendo que as histórias são falsas pois somos frágeis e sensíveis. Gostei do texto é concordo com sua reflexão.
ResponderExcluirAna Beatriz Gonçalves